quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Mesa de Debates - 22/02/11

As pessoas portadoras de deficiência têm exigido cada dia mais o cumprimento dos direitos. O poder público de Juiz de Fora se esforça em atender às reivindicações. Mas, será que isso também se reflete no mercado de trabalho? Wesley Barbosa, da Assessoria Especial para Pessoas com Deficiência, ligada à Secretaria de Governo da prefeitura, afirmou que 99 pessoas portadoras de deficiência foram encaminhadas para o mercado de trabalho na cidade. "Infelizmente, porém, as empresas não nos dão retorno se o profissional desempenha um bom trabalho e, além disso, poucas empresas nos procuraram para que ofereçamos aos deficientes alguma oportunidade. Reconheço que não desempenhamos bem a parceria com o Instituto Bruno para que ofereçamos melhor qualidade de vida aos deficientes que moram em Juiz de Fora."

A presidente do Conselho Municipal de Pessoas com Deficiência , Maria Valéria Andrade, elogiou o trabalho da assessoria, mas destacou que o órgão necessita ter uma função executiva. "Juiz de Fora foi a primeira cidade do interior do Brasil a ter um departamento na administração municipal para desenvolver políticas para portadores de deficiência. Para uma cidade onde quase 15% da população é formado por essas pessoas e um departamento ser transformado em 'assessoria especial' é um retrocesso." Apesar da Constituição assegurar vagas de trabalho em empresas e em concursos, Maria Valéria concluiu: "Só a legislação não basta. É necessário que haja uma mudança na cultura brasileira: educar contra o preconceito. Há muitas empresas que não seguem essa legislação por achar que a pessoa portadora de deficiência não vá cumprir com o trabalho. Isso é um absurdo. Conheço pessoas que possuem ensino superior e estão sem atividade nenhuma". Apesar desse fato, Maria Valéria explicou que muitas pessoas telefonam para o conselho para procurar pessoas com deficiência para trabalhar nas empresas. "Mas isso não é papel do conselho. Por isso é bom que divulguemos mais a nossa luta e transformemos a assessoria especial em departamento."

Maria do Carmo Viana é coordenadora geral do Instituto Bruno, que oferece tratamento a deficientes na cidade há 11 anos. Em 2010, firmou uma parceria com a AVAPE (Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência) e tem rendido frutos. "Atualmente, estamos com uma fila de espera para atender 300 pessoas nos vários cursos que oferecemos. O que observamos é que falta união entre empresários, poder público e terceiro setor para que possamos, juntos, desenvolver políticas públicas para portadores de deficiência, a fim de que possam ter mais oportunidades no mercado de trabalho. Oferecer capacitação é um passo importantíssimo para que essas políticas sejam desenvolvidas". Para ela, é necessário oferecer acessibilidade na comunicação e na arquitetura para incluir os portadores de deficiência.

Participaram como debatedores o jornalista Aníbal Pinto e o empresário Orlando Manera. A apresentação e produção é do jornalista Marcelo Martins.



Wesley Barbosa, Maria do Carmo Viana, Marcelo Martins,
Maria Valéria Andrade e Orlando Manera. Fotos: Leonardo Costa

Participe conosco! Envie sua sugestão de tema para mesadedebates@tvejf.com.br ou pelo twitter @MesaTVE. Mesa de Debates, de segunda à sexta, às 11h; reprise às 17h35.

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