terça-feira, 11 de outubro de 2011

Entrada do PSD na política

Com a fundação do Partido Social Democrático (PSD), o cenário político nacional passou por uma reconfiguração. De acordo com o cientista político Cristiano Santos, que esteve presente no programa Mesa de Debates (TVE-JF), com essa modificação, todas as esferas podem ser afetadas e há possibilidade de reflexos, inclusive, no âmbito municipal.   
“Nos últimos 15 anos, foi possível observar a disputa entre dois grandes partidos nacionais – o PT (Partido dos Trabalhadores) e PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) – e dois grandes partidos como aliados – o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) e o DEM (Democratas). No entanto, ao ver a derrocada do DEM, uma nova configuração se estabelece e o PSD surge com uma grande capacidade de negociar com o Governo Federal”.
Segundo Santos, o discurso adotado pelo PSD, em que não foi definida uma posição, é muito cômodo. “Ele pode negociar com o Governo ou oposição. Porém, para um partido que já nasce com 54 parlamentares, é difícil se manter neutro”. Assim, cientista político acredita que essa situação é complicada e perigosa.
“Ele já nasce com uma representação parlamentar grande e coloca em xeque tudo o que representa os partidos. Todos os partidos devem estabelecer qual idéia vão defender. Eles têm que apontar, em seu estatuto, sua forma de atuação. Porém, essas ideologias são colocadas em prática?”, questionou-se.
Ao comentar esse ponto, Santos ponderou que talvez seja esse motivo que tenha levado o DEM a perder integrantes. “A falta de identidade política faz com que um partido não tenha ‘sobrevida’ se está na oposição”.
Para o cientista político, esse “redesenho” mostra não só a fragilidade do sistema político eleitoral e partidário brasileiro como, também, endossa o pensamento do eleitor em não acreditar nos partidos.
“Temos um sistema que privilegia a eleição por partidos, através da escolha dos cargos proporcionais, que se dá através do coeficiente eleitoral. Muitas vezes, o candidato não consegue ser eleito com o voto individual. Mas, com os cargos proporcionais, diversos políticos são beneficiados e isso ocorre mesmo que o cidadão vote individualmente”, esclareceu Santos.
Outro ponto que merece destaque com a criação do PSD está a questão da fidelidade partidária. “No Brasil, ela dura somente um ano e acho isso um absurdo. Acredito que devem existir quantos partidos a sociedade entender que são necessários. Porém, quantos vão representar efetivamente? Aí mora o problema. É preciso contar com regras detalhadas para que não se tenha, no Congresso, igualdade, em números, de partidos e candidatos”. 
Para solucionar esse impasse, o cientista político defende a necessidade de uma reforma política. “É vital repensar o modelo político e eleitoral brasileiro. Não dá para permanecer elegendo deputados e vereadores por partidos e eles, ao serem eleitos, não representarem as idéias e concepções dos partidos que eram coligados”.
Santos alega que não é preciso engessar o político em partido de forma definitiva. “O que nós devemos delimitar é o prazo para que essa mudança possa ser realizada. Um ano é um período muito pequeno. Se criássemos mecanismos de controle efetivo sobre esse tipo de mudança, aí o eleitor poderia se sentir contemplado”.


Orlando Lyra Carvalho Jr, Cristiano Santos, Marcelo Martins, 
Douglas Fasolato e Sérgio Condé participaram do debate

Eleições municipais

Na visão de Santos, Juiz de Fora conta, atualmente, com três candidatos com maior possibilidade de vitória nas eleições para a prefeitura, em 2012: o atual prefeito, Custódio Mattos (PSDB-MG); Margarida Salomão (PT-MG); e Bruno Siqueira (PMDB-MG). “Outros nomes têm sido levantados. Mas, na atual conjuntura, se houvesse um segundo turno, acredito que dois desses candidatos estariam presentes. É claro que falta um ano e diversas modificações podem ocorrer. O nosso modelo político favorece a questão da reeleição. Porém, tendo como base pesquisas previamente realizadas, Custódio Mattos teria dificuldades em se reeleger na cidade”, concluiu.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Peças do Museu Mariano Procópio estão expostas na Bélgica

     "Isso representa um grande passo e quebra fronteiras entre a arte brasileira e o mundo para que, assim, ganhe mais visibilidade, principalmente, Juiz de Fora". Para Douglas Fasolato, diretor da fundação Museu Mariano Procópio, é o que representa este grande momento para as obras de arte que compõem o acervo do Museu Mariano Procópio e que estão expostas em Bruxelas, capital da Bélgica, no Palácio Bozar, uma das sedes do  Festival Europalia. "Considero mais relevante do que o 'Ano do Brasil na França' e este evento não ganhou tanta visibilidade na mídia. Autoridades belgas e brasileiras, como a presidente Dilma Roussef e a ministra Ana de Hollanda estiveram na solenidade de abertura da exposição", completou Fasolato.
     Entre as obras que estão em exposição, está a tela "Tiradentes Supliciado", de Pedro Américo. "A pintura feita durante o século XIX traz um heroi nacional de uma forma totalmente diferente. A professora da UFJF Maraliz Christo fez uma tese - que venceu prêmio de teses da Capes em 2005 - sobre esta pintura (leia aqui). A comissão que veio da Bélgica escolher as obras teve bastante trabalho. Os integrantes desta escolheram, também, duas cianotipias (pequenas fotografias) onde estão o imperador Pedro II e a imperatriz Teresa Cristina numa paisagem 'natural'. Também integram a exposição fotografias de escravos do Rio de Janeiro e da Bahia".


Orlando Lyra Carvalho Jr, Cristiano Santos, Marcelo Martins,
 Douglas Fasolato e Sérgio Condé participaram do debate

Alfredo Ferreira Lage: visionário

     Perguntado sobre verbas para o Museu, Douglas lembrou do fundador: "Hoje não é fácil conseguir tantos recursos para o MAPRO. Isso não acontece só aqui. O Brasil precisa investir mais em cultura. Aliás, será que cultura traz voto? Museu não deve ser visto como gasto, mas sim, como investimento: gera empregos e mantém viva a memória de um local. Alfredo Ferreira Lage foi um visionário: quando doou seu acervo, não exigiu contrapartida alguma do município. Ele só exigiu que o museu ficasse aos cuidados de uma comissão, que hoje conhecemos como 'Amigos do Museu Mariano Procópio'. Sem ela, talvez o local não seria público e muitas decisões erradas poderiam ter sido tomadas por apenas uma pessoa. Portanto, é necessário que valorizemos cada vez o Museu Mariano Procópio, que - faço questão de enfatizar: não é de Juiz de Fora, mas está localizado em Juiz de Fora."

Douglas Fasolato também falou da programação infantil na semana da criança. Para saber mais, clique aqui.