terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Mesa de Debates - 15/02/11 - Egito

No fim do mês de janeiro, protestos realizados por povos do Norte da África e do Oriente Médio se acentuaram para exigir melhorias no governo desses países. A situação se complicou no Egito. Milhares de pessoas morreram, ficaram feridas e foram feitas reféns, inclusive jornalistas brasileiros. Os protestos deram resultado: o ex-ditador Hosni Mubarak, no poder desde 1981, renunciou na última sexta. No domingo (13/02), o Conselho Militar Supremo do Egito anunciou a suspensão da Constituição, a dissolução do Parlamento e a formação de uma comissão para escrever uma nova Carta para o país. Os militares também anunciaram que o chefe do conselho vai representar o país no exterior e que o primeiro-ministro, Ahmed Shafiq, continuará no cargo até a formação de um novo governo. A junta militar que está no poder prometeu que a Nova Constituição do Egito irá a referendo em 2 meses.


O professor da Faculdade de Geografia da UFJF, Vicente dos Santos, explicou que o Egito possui 6 mil anos de história. O país é formado por vários grupos étnicos, entre eles muçulmanos, árabes e os egípcios. "É preciso que a comunidade internacional acompanhe de perto esses protestos e o desencadear desta história. O país possui uma oposição forte, a Irmandade Muçulmana e a população é favorável a esse grupo, caso sejam eleitos em um processo democrático. E se isso ocorrer, o Ocidente todo terá mais um país com quem se preocupar além do Irã", alertou o professor.

O professor do curso de MBE da Faculdade de Economia da UFJF, Carlos Henrique Paixão, afirmou que as relações econômicas com o Brasil não ficam prejudicadas, por enquanto, já que os países são parceiros em algumas áreas. "O Brasil fornece produtos produtos agrícolas e grandes empresas do setor de construção civil atuam no país. Já o Egito exporta produtos advindos do petróleo, algodão, têxteis, metal e químicos. O que ainda não está definido e que provoca incerteza no mercado é a definição de um novo "ministro da economia" do país e, por conseguinte, a política econômica adotada pelo Egito."

Quem esteve no Egito por 15 dias foi Edson Stecca, que participa como debatedor do programa todas as quintas feiras e é professor. Ele citou características que mais atraiu na visita: "É um país pobre. Pelo pouco que vi, as pessoas passam muita necessidade. Pra se ter ideia, algumas chegaram a me pedir caramelo ao invés de dinheiro. Outro detalhe que achei interessante é que algumas regulamentações não existem por lá, como por exemplo, leis de trânsito. Não há sinalização nas ruas e se ocorre algum acidente, ele é resolvido ali mesmo, às vezes 'no tapa'", explicou Stecca.

O jornalista Renan Caixeiro morou 4 meses no Egito e trabalhou na área de comunicação em uma empresa. Ele morou em um bairro de classe média alta no Cairo. "A desigualdade social, realmente, é grande. Por outro lado, conheci pessoas que estão por dentro da internet. Quando eu fiquei lá, soube que alguns blogueiros foram presos por postarem conteúdos na rede contra Mubarak." Renan também afirmou que os internautas do Egito gostam de navegar pelo Facebook, twitter e por blogs. "Conheci pessoas que nunca conheceram outro presidente e a maioria destas se encontra insatisfeita. Por isso, creio que esse desejo de mudança seja grande. Como fiz amizades por lá, recebo, a cada dia, notícias de como está a situação do país via internet. Acho isso muito bacana".

Participaram como debatedores o jornalista Aníbal Pinto e o empresário Orlando Manera. A apresentação e produção é do jornalista Marcelo Martins.



Aníbal Pinto, Edson Stecca, Carlos Henrique Paixão, 
Marcelo Martins, Vicente dos Santos, Renan Caixeiro e Orlando Manera. 
Fotos: Leonardo Costa

Participe conosco! Envie sua sugestão de tema para mesadedebates@tvejf.com.br ou pelo twitter @MesaTVE. Mesa de Debates, de segunda à sexta, às 11h; reprise às 17h35.

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