sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Obesidade: como enfrentá-la?

Do Diário Regional, por Jaqueline Dias

Levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram uma situação preocupante: em todas as regiões, faixas etárias e faixas de renda, houve aumento do percentual de pessoas com excesso de peso e obesas. O estudo indicou que o sobrepeso atinge mais de 30% das crianças entre cinco e nove anos de idade; cerca de 20% da população entre dez e 19 anos e 48% das mulheres e 50,1% dos homens acima de 20 anos. O programa Mesa de Debates (TVE-JF) convidou a endocrinologista Camila Maciel e o jornalista Marcos Lodi para comentar o que esses índices representam.

Para o Ministério da Saúde (MS), os resultados obtidos na pesquisa indicam um cenário de epidemia. Caso o atual ritmo de crescimento do número de pessoas acima do peso permaneça, em dez anos, elas serão 30% da população – padrão semelhante ao dos Estados Unidos, onde a obesidade se tornou problema de saúde pública. Com a elevação do índice de obesidade, o número de doenças crônicas também cresce.

Camila explicou que, nos casos de obesidade mórbida, por exemplo, o problema começa a se desenvolver ainda na infância. “Dois principais fatores vão desencadear o fato: o primeiro é a questão genética, a hereditariedade, responsável por 30% dos casos. Pais obesos têm maior chance de ter filhos nas mesmas condições. Em segundo lugar, o hábito familiar vai influenciar de maneira direita o desenvolvimento desse transtorno”.

Assista a um trecho do programa.


A endocrinologista relatou que quando se depara com esses casos, ela busca manter contato direto com os pais, de forma que eles também façam o controle. “Não adianta pedir que uma criança perca peso, se os pais também não adotam a mesma postura. A família precisa contribuir e é fundamental no bom andamento do tratamento. É necessária uma reorganização que envolve a modificação nos hábitos do cotidiano e na alimentação”.

O problema da obesidade está principalmente relacionado às enfermidades que surgem com o distúrbio, que pode desencadear doenças cardiovasculares. Em casos mais graves, a cirurgia bariátrica ou redução de estômago, como também é conhecida, é o procedimento mais indicado.

A especialista explicou que a intervenção é indicada levando em consideração o índice de massa corpórea do indivíduo. Esse número é calculado com base na altura e peso. “O cálculo pega a altura do paciente em metros e a multiplica por ela mesma. Após, o peso do paciente é dividido por esse resultado. Com o número, é possível classificar se o paciente está obeso ou com sobrepeso”.

Segundo Camila, se o número ficar de 25 a 30, o paciente tem sobrepeso; de 30 a 35, é chamado de obesidade grau 1; de 35 a 40, obesidade grau 2; e maior que 40, obesidade grau três ou mórbida. “Então, o paciente passa a ter indicação formal para a realização da cirurgia. Outro caso de indicação ocorre quando o resultado está entre 35 a 40, mas surgem comorbidades (patologias associadas à obesidade, como hipertensão arterial, diabetes, dores articulares). Nesse caso específico, também há indicação do procedimento”.

É nesse caso que o jornalista Marcos Lodi se encontrava em 2007, antes de se submeter a uma cirurgia de redução de estômago. Na época, ele pesava 254 quilos. “Minha vida mudou por completo e para melhor. Antigamente, eu enfrentava problemas de locomoção e de inserção no mercado de trabalho. Passei por situações difíceis, como esperar por quatro horas para embarcar em um coletivo urbano. Cheguei a ouvir vozes e enfrentar distúrbios psicológicos. Até que decidi que iria lutar por meus objetivos”.

Após uma longa batalha judicial, em que o pedido de redução foi negado por uma vez, ele conseguiu autorização para a realização da cirurgia. “Mas meus problemas não acabaram aí. Fiquei 50 dias internado porque a maca de transporte não me suportava. Então, ao invés de emagrecer, eu acabei engordando mais, devido à ociosidade”.

Camila explicou que obter autorização para realizar a cirurgia é um processo longo. Primeiro, o paciente passa por um endocrinologista, e uma equipe multidisciplinar. “Caso seja constatado que o paciente já tentou reduzir seu peso e não teve sucesso através de dietas, exercícios e ingestão de medicamentos, ele é orientado a buscar uma intervenção cirúrgica”.
  
Com o objetivo de auxiliar pessoas que também passaram por esse problema, Lodi criou um blog para dividir sua experiência, não só com pessoas que sofrem com a obesidade mórbida, mas também com indivíduos que têm algum tipo de distúrbio ou compulsão alimentar. 



Edson Stecca, Marcos Lodi, Camila Maciel, 
Marcelo Martins, Josane Aragão e Renato Lopes

Nenhum comentário:

Postar um comentário